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Adolescência: o que é isso?


Adolescência: o que é isso?

Mais ou menos aos 13 anos para os meninos e 12 para as meninas e, infelizmente, cada dia mais precocemente, inicia-se a adolescência: este período tão peculiar e com características bem marcantes. Trata-se de um período de grande transformação que tem como principal característica a convivência de elementos da infância e da fase adulta ao mesmo tempo numa só pessoa. Um processo de desprendimento de nossos pais iniciado no nascimento. Significa entrar no desejado e temido mundo dos adultos, e perder definitivamente a condição de criança.

Cada um de nós nesta fase lidou ou lida com mudanças físicas, psicológicas e relacionais. E isso só é possível quando há uma “digestão”, uma elaboração do que se perde na transformação.

Perde-se o corpo de criança, um corpo que estamos acostumados a coordenar, um corpo do qual aprendemos a tirar o melhor proveito. É normal então que tenhamos que nos adaptar à nova dimensão, proporção, formato e hormônios. É normal que um adolescente viva esbarrando nas coisas, pois ainda não conhece muito bem os contornos de seu corpo que se transforma rapidamente. Experimentar novos jeitos de usar o cabelo, as roupas, a postura, fazem parte deste exercício.

Os hormônios provocam uma revolução silenciosa para quem observa e muito ruidosa para quem vive. A sexualidade é o que nos impulsiona ao crescimento, pois, quando nos sentimos atraídos para fora de nossa família, vamos experimentar viver independentemente, vamos experimentar os conceitos e valores que aprendemos num novo ambiente. Isso é bastante desconfortável, pois, quando criança, sabíamos qual o certo e errado olhando nossos pais e agora vamos precisar exercitar isso no convívio com o diferente.

Estamos perdendo a identidade infantil e caminhando para uma nova identidade. Por conta disso observamos na adolescência uma certa tendência grupal, procuramos as tribos para não ficar totalmente sem identidade por um período. Apresentamos contradições pois nossa identidade está em construção, temos a tendência a intelectualizar ou fantasiar assumindo as vezes várias aparências, estados ou mesmo personagens, para chegar a um novo entendimento de meu lugar no mundo, as flutuações de humor são comuns assim como a atitude reivindicatória, os pais já deram tudo de que dispunham, mas precisamos mais…

Já não podemos contar com pais infalíveis, notamos a humanidade de nossos pais, e muitas vezes nos revoltamos com isso exigindo deles e de outros adultos uma infalibilidade de heróis, os heróis que foram na infância. Segundo Rudolf Steiner, nesta idade procuram um mundo verdadeiro, um caminho confiável para que haja mudanças. No final da adolescência, segundo ele, uma janela pode se abrir para que os jovens possam visualizar sua missão no mundo.

Essas mudanças incontroláveis e mais as exigências de novas posturas por parte do mundo externo que não vê mais uma criança, provocam uma sensação de invasão. E a reação a esta invasão. Não só os adolescentes, mas, também os pais têm dificuldades para se adaptar a filhos diferentes, tem dificuldades em aceitar o crescimento dos filhos. Negam ou adiam as perdas. Obviamente, a mudança dos filhos exige dos pais igual exercício de transformação. Como será ser pai de adolescente?

Os pais também vivem o luto pelos filhos e além disso sofrem o julgamento dos filhos até então dóceis e amorosos. A rebeldia e o enfrentamento são mais dolorosos se os pais não têm consciência de suas dificuldades frente aos adolescentes. Algumas renúncias são necessárias aos pais neste processo.

Aceitar a força criativa dos filhos, a renovação e novos jeitos de fazer é uma delas. Os pais diante das conquistas dos filhos ficam de cara com as próprias conquistas, com a própria adolescência. Precisam aceitar o porvir, o futuro, e se ainda não o fizeram, precisam se reconciliar com as próprias escolhas na construção de sua identidade, assim será mais ameno para todos.

Desapegar-se da imagem idealizada de super-herói que seu filho criou e na qual é confortável se acomodar. A dependência e independência dos jovens, a oscilação entre os personagens que criam e a vontade de crescer, as conquistas em direção a própria vida e o refúgio nas conquistas infantis serão para os pais oportunidades de passarem a ser coadjuvantes no processo de crescimento de seu adolescente. Eles próprios serão os atores principais.

Neste processo são necessários vários ensaios de perda e recuperação de ambas as idades infantil e adulta. Todos viverão um vai e vem no exercício de construção de identidade, isso pode tornar mais difícil o luto, e convidar os pais a adiá-lo ou fazer concessões excessivas, na intenção de abreviar o processo e torná-lo mais ameno, também são doloridas as ameaças de perder a dependência infantil como castigo a um ato de rebeldia por exemplo, uma vez que são precisos passos à frente e para trás para consolidar a entrada definitiva na vida adulta.

Enfim, se existe uma reforma destas acontecendo em sua casa, respire fundo, junte todos os recursos que puder e cresça também.

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